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Considerações: O Príncipe - Maquiavel

Posted by alovose on 15:05
Sem saco pra continuar a escrever sobre O Príncipe e A Guerra dos Tronos. Então aqui, um pequeno resumo das principais contribuições de Maquiavel para o mundo, discutido na última aula de Ciência Política. Foto¹:

Embora, a primeira vista se tenha uma reação muito negativa quanto à Maquiavel, penso que grande parte da disseminação dessa fama de truculento, mesquinho e mau, seja fruto da "ira" da Igreja Católica. Afinal, Macc provocou a ruptura com o cristianismo, desvinculou a religião das decisões políticas. E mais do que isso, quebrou valores que eram convencionados pela Igreja, como quando diz que a crença da predestinação é inútil. O homem pode alcançar o poder, ter sucesso, ser rico e isso não vai levá-lo para o inferno. O homem deixa de ser objeto da história (já que nessa visão ele é vítima do destino) e passa a ser o próprio sujeito (o homem pode escrever a sua história, ser o agente da ação). Além disso, qualquer homem pode ser vitorioso, desde que saiba utilizar a virtú (sabedoria) e saiba tirar proveito da fortuna (sorte/acaso) - colocando situações inesperadas a seu favor.

Dessa forma, Maquiavel preconiza um Estado laico, onde os homens podem agir na vida pública. O príncipe não pode agir de acordo com a moral religiosa, mas de acordo com a necessidade da situação.

Maquiavel parte do pressuposto filosófico de que a natureza humana é maligna, ruim. A maldade está oculta em todos os homens. E quando surge a oportunidade, ele a usa. Por isso a necessidade de exercer poder e aí entra a política como intermediadora, a ciência do poder, para balizar os interesses da sociedade. Uma sociedade em que é dividida entre aqueles que querem oprimir e dominar, e aqueles que não querem ser oprimidos tampouco dominados. E justamente por explanar as coisas dessa forma,  as duas faces do poder, Macc alerta os príncipes mas também da lição ao povo. A política é um jogo de interesses, simulação de papéis, onde é imprescindível  fingir ser o que não é².

Maquiavel diz ainda que a característica do príncipe deve ter é a onipotência, ele deve desejar o poder³. Na célebre frase de Macc que "é melhor ser temido do que amado", vale ressaltar QUE, ele só admite essa opção quando não se pode escolher as duas coisas ao mesmo tempo (em equilíbrio), então é mais seguro ser temido. E defende sua ideia partindo do ponto em que o homem ofende mais facilmente aquele que ama do que aquele que teme, pois o temor é mantido pelo medo do castigo. Mas atenção: não confundir ser temido com ser odiado. Esse temor tem mais a ver com respeito do que com ódio, afinal o príncipe deve sempre buscar o amor dos seus súditos, se não houver saída, buscar então, o respeito. E aí entra a outra frase "os fins justificam os meios". Pode-se buscar o respeito através da força e da violência, podendo punir exemplarmente aqueles que iniciam as desordens no reino a fim de se evitar desordens maiores no futuro. Além disso, o príncipe não deve manter a sua palavra quando esta não lhe convém, ou quando as causas que o levaram a empenhá-la desapareceram. E AÍ, entra a questão das estratégias da manutenção do poder. Fazer o mal de uma única vez e o bem "à conta-gotas". Agora, a gente acha isso tudo muito radical e desumano. Mas não é praticamente isso que acontece hoje?! O problema está em nossa cabecinha que idealiza tudo, e bem nessa questão, Maquiavel se destaca por romper com os clássicos greco-romanos (apenas nesse aspecto, já que resgata fatos históricos como forma de aprender com a experiência passada, afinal a sociedade é mutável, mas a história é cíclica, e aí reside a necessidade de conhecer o passado e aprender com ele), que na maioria das vezes preconizava uma república ideal, como A República de Platão. Maquiavel escreveu sobre a realidade como ela é, e não como deveria ser.

Bem, na minha opinião, Maquiavel não foi essa coisa temível e odiosa que no primeiro momento a gente tende a pensar que é - a  gente, vírgula, eu sempre simpatizei com ele. A grande questão dessa sua má fama, está associada a quebra de valores, à ruptura com a moral religiosa e o retrato da sociedade como ela é. O Príncipe é um clássico que é utilizado pelos principais líderes da atualidade. Os escritos tanto proporcionam uma visão detalhada dos governantes como também dos governados, depende do ponto de vista e depende da interpretação que é feita. Por isso, é mais do que recomendável ler a obra mais de uma vez, porque se pode fazer várias interpretações. Particularmente tive essa sensação quando li pela segunda vez. E sei que não vai demorar para ler uma terceira, quarta ou quinta vez. O livro é irremediavelmente bom (apenas para dizer que aprendi essa palavra nova em algum livro que não lembro e tive que usar - deve sim ter sido o Guia do Mochileiro das Galáxias).

1: Pra quebrar um pouco o clima e em vez de o príncipe, colocar a minha princesa/rainha. hehe
2: Na hora que falei isso na aula, deu uma vontade loooooooooouca de colocar Lady Gaga na história e falar da Poker Face, mas né... não tive essa audácia.
3: Isso é verdade, podemos claramente ver isso na nossa deusa Lady Gaga.

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